sábado, 28 de janeiro de 2012

INTRODUÇÃO


Antes de fazer qualquer abordagem sobre este Livro, é importante atender aos seguintes esclarecimentos:

1.      O Cântico dos Cânticos é uma parte inseparável do Cânon das Escrituras Sagradas, inspirado pelo poder do Espírito Santo, e, portanto, igualmente próprio para a nossa edificação espiritual.

2.      Os doutores judaicos do Antigo Testamento nunca questionaram a sua canonicidade, e nem estranharam a sua linguagem alegórica, sempre ensinando que este Livro tem uma única mensagem central: O relacionamento que Deus mantém com o seu povo redimido.

3.      O contexto deste Livro é o povo de Israel, a Igreja visível do Antigo Testamento. Esta Igreja era composta de uma multidão mista, Ex.12:38. “Donze­las”, membros que amam a Cristo e são comprometidos com Ele; e, as “filhas de Jerusalém”, membros descomprometidos, que questionam a importância singular de Cristo. “Que é o teu amado mais do que outro amado?” Ou, na linguagem do Novo Testamento, “virgens prudentes”, que zelam por sua espiritualidade; e, “virgens néscias”, que não se preocupam com a sua vida espiritual, Mt.25:1-13. A parte inconstante tem a tendência de irar-se contra os perseverantes fiéis. “Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora”.

4.      A linguagem poética deste Livro também é encontrada em outras partes da Bíblia. Às vezes, Deus se autodenominava como “Marido” de Israel; e este povo como a sua “desposada”. “Como o noivo se alegra da noiva, assim de ti se aleg­rará o teu Deus” Is.54:5; 62:4-5. No Novo Testamento, este relacionamento nupcial fica ainda mais claro. Cristo é representado como sendo o “Noivo” da sua Igreja; e a Igreja como “virgem pura a um só esposo, que é Cristo” Mt.25:1; 2 Co.11:2. A melhor chave para o Livro Cântico dos Cânticos é o Salmo 45, cuja linguagem se assemelha a várias partes deste Livro.

5.      Rejeitamos a teoria moderna que ensina que Salomão está descrevendo o seu namoro com uma das suas muitas mulheres. Este tipo de comparação já des­virtuou a espiritualidade de outras partes alegóricas das Escrituras Sagradas e procura fazer a mesma nulificação aqui. A linguagem deste Livro é tão subli­me e espiritual, que ultrapassa qualquer experiência comunicativa entre homem e mulher. Através desta parte da revelação divina, entramos nos próprios arcanos celestiais, onde ouvimos as descrições mais santas daquela comunhão espi­ritual que existe entre Cristo e a sua Igreja.

6.      Este Livro é uma alegoria, ilustrando graficamente a natureza desta comunhão espiritual. Com esta forma literária, o escritor emprega figuras ou representações para estabelecer e inculcar verdades de suma importância. A Bíblia contém muitas alegorias, cânticos e poemas, e, como formas literárias, são meios poderosos para memorizar as verdades representadas. Por exemplo, no An­tigo Testamento, Cristo é visto como um “Renovo”, e a Igreja, como uma “árvore plantada junto à corrente de águas”. O Profeta Samuel usou uma alegoria dramática para convencer Davi de seu pecado; e esta o deixou lacerado no coração e arrependido, Is.4:1; Sl.1:3; 2 Sm.12:1-15. O Livro de Cantares é um cântico escrito em linguagem poética, usando palavras pitorescas para intensificar o assunto que está sendo apresentado. Neste poema, Cristo descreve a beleza da sua Igreja, afirmando que ela é “aprazível como Jerusalém, formidável como exército com bandeiras”. E a Igreja, por sua parte, descreve a singularidade de Cristo, dizendo que Ele é “alvo rosado, mais distinguido entre dez mil”. Não é preciso muita explicação para sentir o impacto que estas figuras podem cau­sar sobre as nossas meditações cultuais.

7.      Este Livro é composto de “Quadros pintados com palavras alegóricas”, portanto, ao interpretar cada “quadro”, deve se fazer uma pergunta: O que es­tas palavras estão querendo comunicar? E esta oração é de igual importância: “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei”, ou seja, do Livro, Cântico dos Cânticos. Assim, quando lemos este Livro, que pos­samos contemplar Jesus Cristo como Esposo, Senhor, Cabeça e Salvador de seu povo; bem como a Igreja, a sua esposa, o fruto do seu sofrimento vicário, aquela que é agora, “gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém, santa e sem defeito” Ef.5:27.

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