terça-feira, 24 de janeiro de 2012

OS CONVITES DE CRISTO


 

Leitura Bíblica: Cântico dos Cânticos, 2:10-15.


Introdução


Temos observado que existem dois tipos de comunhão espiritual: a direta, uma sensação especial da presença de Cristo conosco, quase palpável; e, a indireta, um ato de fé, quando sentimos a presença de Cristo conosco, median­te a leitura das Escrituras Sagradas. Nos versículos da nossa leitura, Cristo continua “detrás da nossa parede”, falando com a sua Igreja mediante uma car­ta que lhe fora entregue. Ele não está falando face a face com ela, mas, sim, indiretamente através da leitura desta comunicação, que, na verdade, são as próprias palavras de Cristo, como se fosse a sua voz audível.

Em nossas buscas espirituais, devemos rejeitar a tendência de pensar que Deus vai falar conosco de uma maneira sobrenatural, dando-nos uma resposta direta do céu; antes, em nossos dias, a única maneira para receber uma orientação de confiança é buscá-la através do estudo da Bíblia. A nossa primeira disposição deve ser: “Pois, que diz a Escritura?” E, munido da resposta dela, podemos crer e agir, com segurança, e pela fé. O princípio do zelo espiritual é ler e meditar sobre a Palavra de Deus. “O seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite” Sl.1:2. Na ausência de uma presença sensível de Cristo, podemos discernir as suas intenções para conosco através da sua comunicação escrita. Podemos sentir a esperança que invadiu o coração da Igreja quando recebeu esta carta, pois ela logo testifica, dizendo: “O meu Amado fala e me diz”. Somos ensinados a cultivar esta convicção: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e é útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” 2 Tm.3:16-17.


1. Um Desafio para Aprender, Vs.10-13


Podemos, talvez, discernir uma reação negativa. Depois daqueles momentos de comunhão especial, quando a presença de Cristo era quase palpável, a Igreja agora se sente como se fosse meio rejeita­da, por isso, entrou num tipo de afastamento espiritual, que provocou a negligência dos meios da graça, tais como: a leitura diária das Escrituras e a oração. O Profeta Elias teve uma experiência semelhante. No monte Carmelo, “cheio do poder do Espírito do Senhor”, Elias conseguiu derrotar centenas dos profetas de Baal. Porém, depois desta vitória esmagadora, a sensação deste poder do Espírito do Senhor o deixou (um acontecimento normal, porque o poder do Espírito, com a mesma intensidade, não era mais necessário, pois os falsos profetas já tinham sido derrotados). E, sentindo meio desamparado diante da ameaça da rainha de Israel, fugiu dela para o deserto e pediu a morte, dizendo: “Basta, toma agora, ó Senhor a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais. Deitou-se e dormiu debaixo do zimbro” - completamente exausto depois da luta contra os poderes malignos das trevas, 1 Reis, capítulos 18 e 19. Lutas espirituais podem ser extremamente desgastantes, contudo, em Cristo, somos mais que vencedores, Rm.8:31-37. Ele entende perfeitamente as dificuldades que sentimos, porque Ele mesmo foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado, Hb.4:15. Notemos que Ele fala à sua Igreja através da leitura da carta que ela recebeu. O Ap. Paulo ensinou que estes Escritos foram dados “a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” Rm.15:4. E, quais foram as primeiras pa­lavras que a Igreja leu nesta carta? “Levanta-te, querida minha, formosa minha, e vem”.

a)     Os nomes que Cristo escolheu para despertar a fé da sua Igreja. “Querida minha e formosa minha”. Cristo abre o seu coração diante da sua Igreja. Para Ele, ela é querida e formosa, comprada pelo preço de seu próprio sangue. “Cristo amou a sua Igreja e a si mesmo se entregou por ela” Ef.5:25. No contexto, a Igreja se acha um pouco afastada daquela comunhão que deve existir entre Cristo e o seu povo; uma união que se mantém através da leitura diária das Escrituras, acompanhada por orações e uma freqüência assídua aos cultos públicos, onde Cristo costuma manifestar a sua presença. É muito importante ob­servar, neste texto, que, apesar dos afastamentos e das vacilações da sua Igreja, o amor de Cristo permanece inalterado. Ele vem a seu povo chamando-o a voltar para sua presença. Aos olhos de Cristo, a Igreja, além de ser a sua querida, é também a sua formosa, em virtude da obra purificadora que opera nela, para que seja a “Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém, santa e sem defeito” Ef.5:27.

b)     Com as palavras “levanta-te e vem”, Cristo está desafiando a sua Igreja a exercer a sua fé. “Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome (e o caráter) de seu Filho, Jesus Cristo” 1Jo.3:23. Fé é muito mais do que uma mera anuência à palavra ouvida; é necessário agir de acordo com o contexto do assunto. O exemplo de Noé ilustra com clareza este princípio: “Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua Casa” Hb.11:7. Noé ou­viu o propósito de Deus, acreditou que haveria um dilúvio, e logo começou o trabalho para construir uma arca para a salvação de sua família. “Levanta-te e vêm” requer um movimento da parte do convidado. Assim, pela fé, obedecemos, levanta­mo-nos e nos apresentamos diante de Cristo. Na Bíblia, a fé é vista como um ato de obediência, atendendo as ordens que Deus dá. Alguns exemplos desta verdade são: “Vir a Cristo” Jo.6:35; “Olhando para Ele” Is.45:22; “Recebendo-o” Jo.1:12 “Fugindo para Ele como refúgio” Hb.6:18. A falta de fé é evidenciada pela falta de ação. Cristo declarou a seus ouvintes: “Também não tendes a sua palavra em vós, porque não credes naquele a quem ele enviou. Examinais as Escrituras, por­que julgais ter nelas a vida eterna, e são elas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes a vida” Jo.5:38-40. A única condição de salvação exigida nas Escrituras é “crer em Cristo Jesus”. E a Salvação é prometida absoluta e infalivelmente se esse mandamento é obedecido, Jo.7:38; At.10:43; 16:31; Gl.2:16. Crer em uma pessoa implica tanto confiança quanto crédito. “Sem fé é impossível agradar a Deus” Hb.11:6.

c)      Os motivos que Cristo apresenta à sua Igreja, para que exerça a sua fé.

I.            Levanta-te e vem, porque as dificuldades que causaram o seu esfriamento já passaram. “Porque eis que passou o inverno, cessou a chuva e se foi”. O inverno é símbolo de privações e de tristezas. Por isso, quando Jesus estava pro­fetizando sobre a destruição de Jerusalém, Ele aconselhou: “Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno” Mt.24:20. Mas, apesar das dificuldades que um inverno traz, tudo está sob o soberano cuidado de Deus, que é sempre sábio e santo. “Ele envia as suas ordens à terra, a sua palavra corre velozmente; dá a ne­ve como lã e espalha a geada como cinza. Ele arroja o seu gelo em migalhas; quem resiste ao seu frio? Manda a sua palavra e o derrete; faz soprar o vento, e as águas correm” Sl.147:15-18. Com uma única palavra de ordem, o gelo apare­ce, e, com uma palavra contrária, ele se derrete. Esta soberania opera não apenas sobre os elementos da natureza, mas, também, sobre as circunstâncias es­pirituais da nossa vida. Por isso, o Ap. Paulo afirmou, confiadamente: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” Rm.8:28. Sabemos disso, porque cremos na sobe­rania do governo de Deus sobre todas as coisas. O Senhor Jesus, discernindo o propósito de Deus, anunciou à sua Igreja: “Eis que passou o inverno, cessou a chuva e se foi”. A ordem de Cristo para a sua Igreja é que ela saia do seu es­conderijo a fim de receber as boas providências que estão preparadas para o seu encorajamento.

II.            Levanta-te e vem, porque há uma nova vida à sua espera. “Aparecem as flores na terra, chegou o tempo de cantarem as aves, e a voz da rola ouve-se em nossa terra”. A dormência do inverno já passou, eis que a vitalidade da primavera está se manifestando por toda parte. Tudo é bonito, agradável e cheio de vi­da. “Vinde e vede as obras de Deus: tremendos feitos para com os filhos dos homens” Sl.66:5. As maiores obras de Deus são aquelas que Ele tem feito em favor do homem, tal como a sua redenção pelo sangue de seu próprio Filho. As flores podem representar as habilidades, ou dons espirituais que recebemos em Cristo. “Quando Ele (Cristo) subiu às alturas (depois de ter ressuscitado dentre os mortos), levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens” Ef.4:8. Em outra parte, a Igreja foi conduzida “à sala de banquetes” onde viu as providências divinas para “vivermos uma vida abundante e vitoriosa”. Agora, a Igreja é convi­dada para contemplar as flores, ou seja, a graça que Cristo derramou sobre o seu povo, a fim de capacitá-lo a realizar tarefas específicas. O Ap. Paulo confessou: “Não sou digno de ser chamado apóstolo, (...) mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, tra­balhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo” 1 Co.15:9-10. O Senhor é servido em chamar o seu povo redimido para execu­tar a missão de evangelização do mundo e, para este fim, “dar graça (competência) aos humildes” Pv.3:34. As dádivas divinas, “a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” Jo.1:17. Sem Ele, e sem o seu acompanhamento, nada podemos fazer. Além dos recursos para facilitar o nosso serviço de amor, podemos ouvir as vozes de comunicação, o trinar das aves e o gorjear das rolas. Os motivos de gratidão manifestam-se por toda parte. As oportunidades para ouvir a mensagem do evangelho estão sendo apresentadas sem parar. Por isso, a ordem: “Levanta­-te e vem”, pois “este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” Sl.118:24. Juntamente com o Ap. Pedro, olhamos para o Amado da nossa alma e confessamos: “Senhor, (...) tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus” Lc.1:35; Jo.6:68-69.

III.            Levanta-te e vem, porque é necessário que a sua necessidade seja sa­ciada com alimento fortificador. “A figueira começou a dar seus figos, e as vides em flor exalam o seu aroma”. O convite implícito que Jesus faz, é: “To­mai e comei”. O Ap. Paulo urgiu o jovem Timóteo: “Aplica-te à leitura das Es­crituras” 1Tm.4:13. Estas são as “palavras da vida” Fl.2:16. O desânimo espi­ritual provoca a negligência da leitura diária da Bíblia, e esta, por sua vez, aumenta o abatimento espiritual. E, pior ainda, se esta negligência não for logo corrigida, o resultado pode ser a morte. Não se pode demorar: “Eis, agora o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” 2Co.6:2. Neste con­texto, Cristo, com toda ternura, repete o seu apelo: “Levanta-te, querida mi­nha, formosa minha, e vem”. Como seria bom se existisse em nós uma prontidão espontânea, porém, infelizmente, nem sempre é assim. O pecado tem prejudicado todo o nosso ser, por isso, somos tão morosos em agir. “Ele (o Senhor Jesus), porém, é misericordioso, perdoa a iniqüidade e não destrói; antes, muitas vezes, desvia a sua ira e não dá largas a toda a sua indignação. Lembra-se de que somos carne, vento que passa e já não volta” Sl.78:38-39. “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a sua fidelidade” Lm.3:22-23. Por isso, Ele não aceita o “não” que soltamos em nossa fraqueza. O fato de que o Senhor Jesus derrama a sua graça sobre a nossa vida tão copiosamente, deve ser um motivo de constante gratidão da nossa parte. “Rendam graças ao Senhor por sua bondade, e por suas maravilhas para com os filhos dos homens” Sl.107:8

2. Um Desafio para Apressar, V.14


Cristo já chamou a sua Igreja duas ve­zes para que saísse do seu esconderijo; e, neste versículo, Ele a chama mais uma vez. Em todas as três chamadas, Ele não usou uma voz de impaciência e nem de repreensão, pelo contrário, o seu convite é carregado de amor e de compreensão. A Igreja, apesar deste momento de frieza, continua sendo: querida minha, formosa minha e pomba minha. Quem é que pode medir a misericórdia do nosso Salvador? O Salmista verbalizou o que nós sentimos diante de seus insistentes convites de amor: “(O Senhor) não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoantes às nossas iniqüidades. Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o te­mem. Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó” Sl.103:10-14.

Notemos como Cristo escolheu um adjetivo novo para descrever como Ele vê a sua Igreja: Ela é inofensiva como uma pomba, Mt.10:16; treme como uma pomba quando ouve o seu bramir, Os.11:11; e, tem uma beleza e uma pureza: “As asas da pomba são cobertas de prata, (...) têm o brilho flavo do ouro” Sl.68:13. É importante observar que a pomba, por causa da sua pureza, foi escolhida para visualizar o Espírito Santo que ungiu o Senhor Jesus para exercer o seu ministério. “O céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me com­prazo” Lc.3:21-22. E, de modo semelhante, o Espírito Santo desce sobre a Igreja, fazendo com que os seus membros sejam mansos e ponderados em seu Espírito, Rm.14:17.

a)     O lugar onde a Igreja se escondeu: “As fendas dos penhascos e no escon­derijo das rochas escarpadas”. A Igreja é comparada com a pomba, que, assusta­da pelo que aconteceu, fugiu para as rochas escarpadas, na esperança de achar pouso para os seus pés. Por que ela se esqueceu da segurança de seu próprio pombal? Por que escolheu estas rochas inóspitas para se recuperar de seu temor? O medo desorienta e não deixa a sua vítima agir como convém. Quando Adão comeu da árvore proibida, ele confessou: “Tive medo, e me escondi” Gn.3:10. Nesta si­tuação infeliz, Cristo chegou e disse: “pomba minha, que andas pelas fendas dos penhascos, no esconderijo das rochas escarpadas, mostra-me o teu rosto, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e o teu rosto, amável”.

Por que a Igreja tem este tempo de frieza espiritual? Por que ela é tão vagarosa para atender os chamados de Cristo? Oferecemos duas razões mais comuns, pretextos que devem ser reconhecidos como um verdadeiro perigo.

         I.            A falta de prioridades, uma vida desorganizada e omissa. Cristo esta­beleceu este padrão para o seu povo: “Buscai, antes de tudo, o reino de Deus, e todas estas coisas (as verdadeiras necessidades) vos serão acrescentadas” Lc. 12:31. Cristo nos deu um exemplo negativo do resultado desta falta de priori­dades quando contou a parábola do Semeador: “O que foi semeado entre os espi­nhos, é o que ouve a palavra, porém, os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera” Mt.13:22. Estes dois impedimentos, os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas, têm sufocado a espiritu­alidade de muitos. Aquele que fica preocupado com os “cuidados do mundo” se desculpa, dizendo: Deus tem me dado uma família, tenho que trabalhar muito pa­ra cuidar dela. Não quero que os meus filhos passem pelas necessidades que eu tive. Por isso, não tenho tempo para outros compromissos. Mas ele está se es­quecendo de uma advertência séria: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam” Sl.127:1. Tal pessoa está passível desta experi­ência: “Tendes semeado muito e recebido pouco; comeis, mas não chega para far­tar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vestis-vos, mas ninguém se aquece e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num saquitel furado” Ag.1:6. E o que se deixa fascinar pelas riquezas, está susceptível ao mesmo perigo. Ele pensa que uma conta gorda no Banco resolverá todos os seus problemas. Mas a Bíblia adverte: “Quem confia nas suas riquezas cairá” Pv.11:28. “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências in­sensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição” 1 Tm.6:9. E não convém se esquecer da história de certo homem que confiava na grande quantidade de seus bens, e se gabou: “Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens prepara­do, para quem será?” Lc.12:19-20. A falta de prioridades sempre traz prejuízos espirituais. Cristo nos ensinou a orar, pedindo: “E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal” Mt.6:13. Aquele que ora desta maneira, e confia no auxílio do Senhor, não fica iludido com tais vaidades.

       II.            Surpreendido pelo pecado. Estamos contemplando uma pessoa que não pre­viu a possibilidade de tentação e jamais planejaria uma aventura oculta. O contexto sugere que ele participou de um evento inocente, porém, foi “surpre­endido” pela transgressão. O pensamento desta palavra, no original, significa: ser repentinamente vencido pela tentação, antes de ter tempo de reconhecer a armadilha. A queda de Pedro ilustra as circunstâncias desse tipo de tentação. Ele estava preparado para enfrentar um exército, e até morrer, se fosse necessário, a fim de defender o seu Mestre amado, Mt.6:33:35. Mas, ele foi surpreendido pelo pecado porque a tentação não veio mediante um exército, pelo contrário, veio através de uma pergunta inocente de uma criada (possivel­mente uma adolescente), algo que o pegou totalmente desprevenido. Além de cho­rar amargamente, Pedro não quis enfrentar a vergonha de ter traído o Senhor, Mt.26:75. Mas, Jesus, em sua compaixão intensa, especificou o nome de Pedro quando comunicou a sua ressurreição, porque Ele estava ansioso para reencon­trar seu discípulo assustado, a fim de oferecer-lhe o perdão e a reconciliação, Mc.16:7; Jo.21:15-17.

A tendência de se esconder por causa da vergonha de admitir e confessar a falha não resolve coisa alguma. “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” Pv.28:13. O Salmista descreve a sua experiência quando tentou encobrir a iniqüidade: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus cons­tantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio”. Mas observe o que aconteceu quando ele se humilhou e expôs o seu pecado: “Confessei o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse (ele tomou uma decisão): confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado” Sl.32:3-5. Todos nós estamos propensos a cair em tentação e sermos “surpreendidos nalguma falta”. Mas, quando isto acontece, vamos confiar nesta promessa: “Se confessar­mos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” 1 Jo.1:9. Quando Jesus nos chama a fim de compa­recer diante dele, Ele está querendo oferecer pleno perdão do pecado que invadiu sorrateiramente a nossa vida. Portanto, apressemo-nos a atendê-lo.

b)     O desejo de Cristo para ver a sua Igreja: “Pomba minha, (...) mostra-me o teu rosto”. Não tenha medo de, mim, e não fique envergonhada de chegar diante de mim; venha logo e sem demora, “porque sou manso e humilde de coração, e achará descanso para a sua alma” Mt.11:29. Para mostrar o rosto, a pessoa tem que sair de seu esconderijo e ficar de pé diante daquele que a está chamando. Mas, por que Cristo procura ver o rosto da sua Igreja? Porque o rosto dela é amável. Através do rosto, Cristo pode contemplar a totalidade da nossa pessoa. E o que Ele vê? Apesar de ser “morena”, por causa das fraquezas da carne, Ele a sua Igreja através das perfeições da sua obra redentora. “Verá o fruto do penoso trabalho da sua alma e ficará satisfeito” Is.53:11. Ele quer reafirmar este fruto ao coração de seu povo.

c)      O anseio de Cristo para ouvir a voz da sua Igreja. “Pomba minha, (...) fa­ze-me ouvir a tua voz”. O que Cristo quer ouvir através da voz da sua Igreja?

I)           Ele quer ouvir a confissão da nossa dependência da sua graça. Neste sentido, a Igreja costuma cantar:

“Ó Deus, ó Providência! Sem ti não há viver!
Vem dar-nos a assistência do teu real poder!
Tão só em ti confiamos e em tua proteção,
Pois só em ti achamos conforto e redenção” HNC.31.

O homem natural tem a tendência de confiar em suas próprias capacidades. Mas a Bíblia afirma: “Não confie, pois, na vaidade, enganando-se a si mesmo, por­que a vaidade será a sua recompensa” Jó15:31. Cristo descreveu esta dependên­cia usando a figura da videira e dos ramos, explicando: “Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo se não permanecer na videira, assim, nem vós o po­deis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim, nada podeis fazer” Jo.15:4-5. Por causa da enfermidade da nossa carne, esta permanência em Cristo pode sofrer momentos de enfraquecimento, por isso, temos que cultivar uma santa dependência de Cristo. O Ap. Paulo orava a Deus o Pai, para que, segundo a riqueza da sua glória, a Igreja pudesse ser fortalecida com poder, mediante o seu Espírito no homem interior, Ef.3:16. Esta é a oração que Cristo almeja ouvir.

II)         Ele quer ouvir a confissão das nossas necessidades. A exortação bíblica é esta: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhe­cidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças”. E qual é o resultado desta oração? O Ap. Paulo confessou a sua confiança, dizendo: “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma das vossas necessidades” Fl.4:6,19. Cristo nos deu esta orientação: “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” Jo.15:7. Este con­vite para pedir o que quisermos é condicional, pois é necessário que o pedido esteja de acordo com a palavra de Cristo que habita em nós. “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua von­tade, ele nos ouve” 1 Jo.5:14. E, sabendo desta liberdade que Cristo concedeu à sua Igreja, somos encorajados: “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, jun­to ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” Hb.4:16.

III)        Ele quer ouvir a nossa confissão de gratidão. A atitude normal de ca­da cristão é esta: “Orai sem cessar. Em tudo, dai graças, porque esta é a von­tade de Deus em Cristo Jesus para conosco” 1Ts.5:17-18. Oramos sem cessar e, quando recebemos o que pedimos, devemos dar graças a Deus por cada manifestação da sua bondade. A frase, “em tudo, dai graças”, não inclui os atos pecaminosos dos inimigos de Deus. O Ap. Paulo nunca deu “graças a Deus” pelas cons­tantes e impiedosas perseguições que sofria, contudo, atribuiu a Deus, com gratidão, a vitória que ele experimentava no meio delas. “As minhas perseguições e os meus sofrimentos, que variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor” 2 Tm.3:11. Ele também não deu “graças a Deus” pelos muitos males que recebeu da mão de Alexandre, o latoeiro, ao contrário, ele o entregou à justiça de Deus, 2 Tm.4:14. Quanto às circunstâncias negativas, tais como: tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, pe­rigo ou espada, não damos graças a Deus quando estes males nos assolam; con­tudo, podemos descobrir uma razão de gratidão, porque, no meio destes acontecimentos desfavoráveis, “somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” Rm.8:35-37. Sim, apesar das dificuldades, damos “graças a Deus” pelas vitórias por meio de Cristo Jesus.

Mas, quais são alguns dos motivos de dar “graças a Deus”? Destacamos, especialmente, os valores relacionados à nossa eterna salvação. O Ap. Paulo disse que Deus tem nos abençoado com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, e, logo em seguida, especificou algumas destas dádivas, tais como: Eleição (Deus nos escolheu para recebermos o dom da salvação); Adoção (Deus nos deu o poder de sermos feitos seus filhos e filhas); Redenção (fomos libertos da pena da morte que pairava sobre nós, por causa do nosso pecado); Remissão de todos os pecados; o privilégio de termos ouvido e crido no evangelho; o selo do Espírito Santo, que é também o penhor da nossa herança espiri­tual, Ef.1:3-14. Por estas, e tantas outras bênçãos recebidas, devemos sempre dar “graças a Deus”.

Por que Cristo quer ouvir a nossa voz? Porque Ele acha que a nossa voz é doce, especialmente quando usada para agradecê-lo e manifestar as nossas confissões de dependência dele; confiança nas suas providências para suprir as nossas necessidades; e, agradecimentos pelas muitas bênçãos salvadoras que Ele derrama tão copiosamente sobre a nossa vida.

3. Um Desafio para Apreender, V.15


“Apanhai-me as raposas, as raposinhas, que devastam os vinhedos, porque as nossas vinhas estão em flor”. Neste versículo, vemos as duas figuras principais: as raposas, juntamente com as suas ra­posinhas; e, os vinhedos, que já estão em flor. Entendemos que estas raposas representam os falsos mestres, que andam no meio dos membros da Igreja, “fa­lando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles” At.20:30. O versículo não empregou a figura dos “fortes touros de Basã”, que são os pode­rosos e cruéis perseguidores da Igreja, antes, preferiu o simbolismo da rapo­sa, por causa da sua natureza astuciosa e traiçoeira. O Ap. Paulo, comentando sobre a natureza destas pessoas, disse: “porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de ad­mirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz” 2 Co.11:13-14. Os vinhedos em flor representam a totalidade da Igreja, adultos, jovens, ado­lescentes e crianças. A vinha é uma figura comum nas Escrituras Sagradas para descrever a Igreja. “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Isra­el (a Igreja visível do Antigo Testamento)” Is.5:1-7. Cristo usou a mesma fi­gura para descrever a união vital que existe entre Ele e a sua Igreja. “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim, nada podeis fazer” Jo.15:5. No versículo que estamos examinando, é Cristo, o Pastor Supremo, que fala, e Ele está se dirigindo, es­pecialmente, à liderança da Igreja, seus pastores e seus presbíteros, pois são estes que receberam a incumbência para cuidar da propriedade de Deus. “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a Igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” At.20:28.

a)     A responsabilidade dos líderes da Igreja. Esta exortação se refere à Igreja que está sendo danificada por causa da presença de raposas, ou seja, de falsos mestres. Quando Cristo subiu às alturas, Ele “concedeu dons aos ho­mens”, distribuindo-os sob o título de: “apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres”. Esta é a liderança dentro da Igreja e a sua responsabili­dade primordial é pastorear, cuidar, alimentar e proteger o rebanho contra os ataques de inimigos, ou seja, destes falsos mestres. Portanto, quem recebe es­tes homens vocacionados, recebe os dons de Cristo; e, quem os rejeita, está desprezando o que o Supremo Pastor deu à sua Igreja. Qual é a missão principal desta liderança? Trabalhar “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho de seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguem à unidade da fé e o pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo”. Por que este ministério é de tão singular importância? “Para que não sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” Ef.4:7-14.

Infelizmente, a história nos ensina que esta liderança nem sempre consegue ser fiel na execução de suas responsabilidades. Quando Cristo escreveu as suas cartas para as sete Igrejas da Ásia, as suas repreensões foram dirigidas contra as lideranças, porque estas negligenciaram as suas responsabilidades, permitindo a entrada de ensinos perniciosos no meio dos membros da Igreja. Ao anjo da Igreja em Pérgamo, Cristo disse: “Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Bala­que a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrifica­das aos ídolos e a praticarem a prostituição” Ap.2:14. E, ao anjo da Igreja em Tiatira, Ele reclamou: “Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduz os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos” Ap.2:20. A liderança da Igreja em Sardes recebeu esta advertência: “Lembra-te, pois, do que tens recebido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti” Ap.3:3. A ordem inadiável é: “Apanhai-me as raposas, as raposinhas que devastam os vinhedos, porque as nossas vinhas estão em flor”. Caçai-me os falsos mestres que andam no meio do meu povo. Não os deixai com nenhuma liberdade para desorientar e devastar a minha Igreja.

Cristo não tolera infidelidade da parte daqueles que têm a responsabilidade de zelar pela pureza espiritual e moral da Igreja. Por causa de desleixos, “não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu” Rm.14:15. O Ap. Paulo registrou a sua atitude diante de suas responsabilidades ministeriais: “E as­sim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens” 2 Co.5:11. E, para um certo obreiro que estava começando a vacilar por causa das dificuldades em seu trabalho, o Apóstolo lhe deu esta exortação: “Atenta para o ministério que re­cebestes no Senhor, para o cumprires” Cl.4:17.

b)     A natureza dos falsos mestres. Eles devastam “a Igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” At.20:28. Cristo descreveu essa classe de pessoas como “ladrões e salteadores”. Veja o contraste entre Cristo e estes mercenários: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu (Cristo) vim para que tenham vida e a tenham em abundância” Jo.10:8-10. A natureza do verdadeiro pastor é caracterizada por seu amor e abnegação. Cristo afirmou: “Eu sou o bom pastor, o bom pastor dá a vida pelas ovelhas (...) Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou” Jo.10:11,17-18. O Ap. Paulo descre­veu estes ladrões como “lobos vorazes que não pouparão o rebanho” At.20:29.

O Ap. Pedro preveniu a Igreja sobre o caráter e as obras destes falsos mestres: “Assim, no meio do povo, surgiram falsos profetas (no Antigo Testamento), assim também (no Novo Testamento), haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repenti­na destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o Juízo lavrado há longo tem­po não tarda, e a sua destruição não dorme” 2 Pe.2:1-3. Ficamos assustados com este quadro tão negativo, porém, o nosso consolo vem desta verdade: “O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais: Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor” 2 Tm.2:19. Cada um de nós pode saber se realmen­te pertencemos ao Senhor, pois a Bíblia afirma: “Nisto conhecemos que permane­cemos nele (em Deus), e Ele, em nós: em que nos deu do seu Espírito”, cujo ministério é “testificar que somos filhos de Deus” 1 Jo.4:13; Rm.8:16. Devemos sempre lembrar que este testemunho está inseparavelmente ligado à nossa obediência ao ensino das Escrituras Sagradas. Os que não obedecem à Palavra de Deus, apesar da sua confissão religiosa, ainda estão em seus pecados, 1 Jo.5:18.

O Profeta Ezequiel descreveu os falsos pastores como devoradores, pois “se apascentam a si mesmos”. São caracterizados pelo egoísmo e pela preguiça. “Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado, mas não apascentais as ovelhas”. Por causa deste desleixo em seu ministério, as ovelhas são des­prezadas. “A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e se tornaram pasto para todas as feras do campo”. Em tais circunstâncias, a Igreja sofre, contudo, Deus é fiel e deu uma promessa para alentar as vítimas destes pastores exploradores: “Assim diz o Senhor Deus: eis que estou
contra os pastores e deles demandarei as minhas ovelhas; porei termo no seu pastoreio, e não se apascentarão mais a si mesmos; livrarei as minhas ovelhas da sua boca, para que já não lhes sirvam de pasto” Ez.34:1-10.

c)      A vulnerabilidade da Igreja. “As vinhas estão em flor”. Qualquer mudança desfavorável no clima, ou, uma invasão por raposinhas, pode danificar as vinhas em flor. E, de modo semelhante, a vida espiritual da Igreja pode ser prejudicada pela influência negativa dos falsos mestres. Todos nós somos vul­neráveis ao fluxo de novidades. Em vez de reagir como cristãos amadurecidos, capazes de resistir à tentação de trair a Cristo, temos uma tendência de nos portarmos como crianças, que são facilmente “agitadas de um lado para outro e levadas ao redor por todo vento de doutrina, pelas artimanhas dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro”. Ef.4:14.

Como podemos ser fortalecidos, a fim de não sermos tão vulneráveis à astúcia dos falsos mestres? O próprio Cristo nos deu a resposta quando concedeu dons aos homens, isto é, quando deu uma liderança à Igreja. A exortação é esta: “Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas, porquanto o que vale é estar o coração confirmado com graça (...). Obedecei aos vossos guias (enquanto forem fiéis às Sagradas Escrituras) e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros” Hb.13:9,17.

A ovelha, por ser um dos animais mais indefesos, é muito vulnerável a seus inimigos. A Bíblia usa a ovelha para simbolizar a natureza vulnerável do povo de Deus. Eles nem sempre têm coragem de se defender quando atacados por falsos mestres, antes, ficam mudos perante os seus tosquiadores e não abrem a boca.

Como podemos ser fortalecidos, a fim de não sermos tão tímidos perante os inimigos da nossa alma? Em primeiro lugar, Cristo tem que ser reconhecido e confessado como o bom Pastor, que nos amou, e deu a sua própria vida, a fim de redimir e salvar o seu povo. Aqueles que verdadeiramente crêem em Jesus Cristo são recebidos como as suas ovelhas, e elas passam a receber, imediatamente, toda a proteção necessária para a sua total segurança. Ele garantiu: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” Jo.10:27-28.

 





 

 


 

 

 

 

Conclusão


“Apanhai-me (caçai-me, o termo é de caçadores) as raposas, as raposinhas que devastam os vinhedos, porque as nossas vinhas estão em flor”. Este versículo sugere a existência de uma liderança instituída por Cristo para cuidar e proteger os interesses de Cristo, o Cabeça da Igreja. Infelizmen­te, desde os tempos apostólicos, o povo de Deus tem os seus inimigos, que a si mesmos se declaram apóstolos de Cristo e cujo objetivo é devastar a confiança que os fiéis têm na toda-suficiência de Cristo para nos conduzir à salvação. A Igreja, por estar no meio dos inimigos da verdade, fica passível aos ataques destes falsos mestres. Porém, podemos ser encorajados, porque em Cristo Jesus somos mais que vencedores. Eis a chave que Ele mesmo nos deu: “Eu sou a videi­ra, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; por­que sem mim, nada podeis fazer” Jo.15:5. Cristo, comentando sobre as dificul­dades que a Igreja tem que encarar, disse: “Neste tempo, muitos hão de se escan­dalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão falsos profetas, e enga­narão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo (...) Porque sur­girão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” Mt.24:10-13,24.

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