quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A PRECIOSIDADE DA COMUNHÃO ESPIRITUAL


Leitura Bíblica: Cântico dos Cânticos, 2:1-9


Introdução


O título escolhido para este segmento visa a melhor compreensão do sentido da comunhão espiritual com Cristo Jesus. Ela é uma preciosidade porque, nela, experimentamos a suficiência da sua graça nos segurando em todos os momentos da nossa vida. Sim, um novo Cântico surge em nossos lábios, um hino de louvor ao nosso Deus, Sl.40:3.

“Se quereis saber quão doce é a divina comunhão,
Podereis mui bem prová-la e tereis compensação.
Procurai estar sozinhos em conversa com Jesus,
Provareis na vossa vida o poder que vem da cruz” HNC 128

A nossa leitura se divide em duas partes: a voz de Cristo e a voz da sua Igreja.

1. Como Cristo se Apresenta à sua Igreja, Vs.1-2


Comunhão espiritual significa ouvir e praticar o que Cristo diz ao nosso coração. “Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo” Ap.1:3; Mt.7:24-27.

a)     A exclusividade das atribuições de Cristo. Esta singularidade se re­flete na frase: “Eu Sou”, termo que exclui qualquer outro participante, como se encontra em Isaias 44:6. “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus”. Durante o seu ministério aqui na terra, Cristo voltou a usar este termo exclusivista: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede” Jo.6:35. “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” Jo.8:12. Outros procuram nos oferecer formas de alimentação e de orientação es­pirituais, porém, tudo é uma decepção traiçoeira, porque Cristo, e somente Cristo, tem o direito de cuidar dos interesses espirituais de seu povo. “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” Jo.10:10. O Ap. Pedro reconheceu a exclusividade do ministério pastoril de Cristo quando exclamou: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” Jo.6.68. Portanto, vamos ouvir o que Ele fala.

b)     Os lugares onde Cristo se encontra. Ele se apresenta como “a rosa de Sarom (ou, das planícies) e o lírio dos vales”. Portanto, Cristo se encontra tanto nos campos abertos, quanto nos vales férteis, onde as pessoas habitam. Cristo se faz presente no meio delas, onde os seus servos estão pregando o evangelho. As duas figuras, rosa e lírio, representam a perfeição de Cristo. A rosa, a princesa das flores, por causa da sua beleza imaculada e de seu “aroma suave”, fala do sacrifício substitutivo de Cristo, uma única oferta pelo pecado que aperfeiçoou para sempre todos quantos estão sendo santifica­dos, Ef.5:1; Hb.10:14. O lírio, por causa da sua brancura, fala da sua perfei­ta obediência, da sua pureza incontestável, que lhe deram as condições legais e necessárias para satisfazer as exigências da lei divina e abrir a porta da salvação para pecadores arrependidos. “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” 2 Co.5:21. Jesus nos deu esta promessa: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome (atendendo as Escrituras Sagradas), ali estou no meio deles” Mt.18:20.

c)      Como podemos conhecer a Cristo? Visto que Ele está nos lugares onde a humanidade habita, temos motivo de ter confiança na sua acessibilidade. Através da pública pregação do evangelho, Cristo convida a todos: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e acha­reis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” Mt.11:28-30. Para aceitar as dádivas deste convite, é necessário um mo­vimento da parte do ouvinte; ele não pode ficar parado, olhando de longe, aguardando algo misterioso. Os convites de Cristo sempre envolvem um ato de volição, um assentimento participativo, aceitando e recebendo o que Ele pre­senteia. Quando alguém nos oferece um copo de água para saciar a sede, temos que tomar em nossa mão o copo oferecido e beber o conteúdo. É assim que rece­bemos a Cristo, e, logo em seguida, sentiremos a sua presença. “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu inte­rior fluirão rios de água viva” Jo.7:37-38. Sim, é possível experimentar a ri­queza da glória, isto é: “Cristo em nós, a esperança da glória” Col.1:27.

d)     Uma semelhança entre Cristo e a sua Igreja. Descobrimos esta semelhança quando comparamos as duas frases. Cristo é “O” lírio, enquanto que a Igre­ja é “qual” o lírio. Ela não é “O” lírio, porém, tem uma certa semelhança com ele. Esta afinidade é reconhecida por causa do fruto do Espírito Santo que a Igreja manifesta. Esta semelhança é de tal modo necessária que, sem ela, é evidente que a obra transformadora de Deus ainda não começou. Eis a confirmação desta inferência: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os pre­destinou para serem conformes a imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos” Rm.8:29. É inadmissível supor o insucesso nas predestinações daquele que declarou soberanamente: “Como pensei, assim se sucederá e, como determinei, assim se efetuará” Is.14:24. “Na verdade, o povo é erva; seca-se a erva, cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus per­manece eternamente” Is.40:7-8. O grande alvo do ministério do Ap. Paulo era labutar até ser Cristo formado na vida dos crentes, ou seja, uma vida intei­ramente caracterizada pela presença e domínio de Cristo, Gl.4:19. Outro texto de igual importância é Efésios 1:4. “Assim como (Deus o Pai) nos escolheu nele (em Cristo) antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele”. Esta santidade de vida, sem a qual ninguém verá o Senhor, é a prova indiscutível do nosso favor diante de Deus. Que possamos ser diligentes a fim de alcançar esta semelhança com Cristo.

e)     Onde a Igreja se encontra. “Qual o lírio entre os espinhos”. O contraste entre a pureza do lírio e a crueldade dos espinhos não deve escapar da nossa atenção. As “filhas” aqui são vistas como os habitantes das nações pagãs, e estes são caracterizados como “espinhos”. A Igreja se encontra no meio das nações deste mundo, povos espinhosos por causa da sua oposição ao evangelho de Jesus Cristo. Ele advertiu seus discípulos, dizendo: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” Jo.16:33. O Profeta Je­remias queixou ao Senhor: “Fez-me habitar em lugares tenebrosos, como os que estão mortos para sempre. Cercou-me de um muro e já não posso sair; agravou-­me com grilhões de bronze” Lm.3:6-7. O Ap. Paulo também comentava sobre as suas dificuldades no ministério da palavra: “As minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra, (...) que va­riadas perseguições tenho suportado! De tudo, entretanto, me livrou o Senhor 2 Tm.3:11. É tão encorajador sentir a força da pergunta retórica das Escritu­ras: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou fome, ou nudez ou perigo, ou espada?(...) Em todas estas coisas, porém, somos mais que vence­dores, por meio daquele que nos amou” Rm.8:35,37. Neste contexto de vitória, no meio das tribulações, entendemos as palavras amáveis de Cristo, quando e­logiou a sua Igreja: “Tal é a minha querida entre as filhas”, as nações pagãs.

f)        Onde a Igreja serve como testemunha. “Entre os espinhos”. Quanto à missão da sua Igreja, Cristo disse: “Eis que vos envio como ovelhas para o meio dos lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas. E acautelai-vos dos homens; porque vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas; por minha causa sereis levados à presença dos governadores e reis”. Por que Cristo deixa tantas coisas negativas acontecerem na sua Igreja? “Para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios” Mt.10:16-18. Temos que agir “como uma candeia que brilha em lugar tenebroso” 2 Pe.1:19. Cristo estabeleceu: “Vós sois a luz do mundo (...) Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens (diante dos espinhos), para que vejam as vossas boas obras (a vossa obediência à Santa Lei de Deus) e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” Mt.5:14-16. E as últimas palavras de Cristo à sua Igreja: “E sereis as minhas testemunhas” At.1:8. Pois Ele mesmo decretou: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações” Mt.24:14.

2. Como a Igreja se Apresenta a Cristo, Vs.3-9


Comunhão espiritual não é apenas ouvir, é praticar o que Cristo diz ao nosso coração. Comunhão é diálogo; Cristo fala através das Escrituras Sagradas, e nós respondemos. Ele des­creveu a Igreja em termos da sua própria semelhança. Agora é o momento de a Igreja descrever o que sente ao meditar sobre as perfeições de Cristo.

a)       A figura da macieira, V.3. A macieira, por causa de seu fruto e da sombra que oferece, é uma das árvores mais apreciadas “entre as árvores do bosque”. Outras árvores, como, por exemplo, o cedro e cipreste, têm seu valor, porém, somente quando cortadas e industrializadas. Cristo é semelhante à maci­eira, porque Ele é vivo e satisfaz todas as necessidades daqueles que se refu­giam nele. Observemos o contraste entre a frutescência de Cristo e a futilida­de dos “jovens”, ou seja, os filhos deste mundo, cuja ocupação principal é sa­tisfazer os interesses do seu próprio egoísmo. São “mais amigos dos prazeres que amigos de Deus” 2 Tm.3:4. A Igreja, na voz do Ap. Paulo, confessa: “O mun­do está crucificado para mim, e eu, para o mundo” Gl.6:14. O mundo não tem ne­nhuma atração para os crentes verdadeiros em Cristo, porque seus interesses são outros. Veja os três anseios da Igreja:

         I.            “Desejo muito a sua sombra”. Esta sombra se refere à proteção que o Se­nhor oferece a seu povo. A Igreja está sujeita às tentações comuns à humanida­de, e, se cair, fica “queimada”, seu testemunho se torna “moreno” e o nome de Cristo desprezado pelos incrédulos. Neste contexto, a Igreja exclama: “Desejo muito a sua sombra”, a sua proteção, para não cair em tentação, para que o teu nome seja sempre honrado em todo o meu procedimento. O Salmista reconheceu: “O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente diz ao Senhor: Meu refúgio é meu baluarte, Deus meu, em quem me confio” Sl.91:1-2. Esta sombra, esta proteção, está sempre ao nosso alcance, porque o convite de Cristo continua em pé: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, por que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Por que o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” Mt.11:28-30. Refugiados em Cristo, descobrimos a realidade do testemunho do Ap. Paulo: “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma das vossas necessidades” Fl.4:19.

       II.            “E debaixo dela (da sombra) me assento”. Quando o desejo é da vontade de Deus, deve ser acompanhado por uma ação. Quando Jesus chegou na casa de Marta e Maria, esta logo “quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos”. A atitude dela foi elogiada, “pois escolheu a boa parte”. Mar­ta, por não estar assentada aos pés do Senhor, perdeu uma boa oportunidade pa­ra alimentar a sua alma com as palavras nutritivas de Jesus. Moisés descreveu a Igreja em termos de um povo sedento para conhecer os caminhos do Senhor. “Na verdade, o Senhor ama o seu povo; todos os seus santos estão na sua mão; eles se colocam a seus pés e aprendem das suas palavras” Dt.33:3. Nesta posição, estamos preparados para receber “toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” Ef.1:3.

      III.            “E o seu fruto é doce ao meu paladar”. É importante observar que este fruto está disponível somente para aqueles que se acham assentados aos pés de Cristo e em plena comunhão com Ele. Mas, quais são estes frutos que podem sa­tisfazer o paladar espiritual da Igreja?

Devemos sempre lembrar que o fim principal da vinda de Cristo a este mun­do foi “buscar e salvar o perdido”, mediante a sua morte substitutiva na cruz do Calvário, Lc.19:10; Jo.10-11. Portanto, o primeiro fruto que podemos sabo­rear é a vida eterna. “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho (pela fé) tem a vida; a­quele que não tem o Filho de Deus não tem a vida” 1 Jo.5:11-12. A palavra de Cristo é categórica: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” Jo.10:28. Portanto, aproxime-se dele e será salvo!

Mas existem muitos outros frutos que esta árvore oferece aos que se assen­tam debaixo da sua sombra, privilégios que nos fazem exultar com alegria indizível e cheia de glória, todos concedidos, gratuitamente, para nutrir a nossa esperança e capacitar-nos a ter uma vida abundante e vitoriosa. Podemos menci­onar estes dois:

O primeiro é o dom do Espírito Santo, pois Ele é o selo sobre a nossa salvação, Ef.1:13-14. Ele tem, também, o nome de “Consolador”, aquele que fica ao nosso lado a fim de nos confortar em nossa peregrinação terrena. Por Ele, fa­lando através das Escrituras Sagradas, somos orientados acerca da vontade de Deus para a nossa vida. Pelo testemunho do Espírito Santo, sabemos que somos filhos de Deus, Jo.14:26; Rm.8:16; Gl.4:5. Cristo prometeu: “Deixo-vos a paz,  a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” Jo.14:27. No mundo passamos por tribulações, todavia, esta paz nos oferece tranqüilidade e estabilidade mental e emocional, porque esta paz, que excede todo entendimento, é que guarda e protege a nossa mente (pensamentos) e o nosso coração (emoções), FL.4:7. Estas tribulações são permi­tidas porque objetivam a nossa maturidade nas áreas de perseverança, experiência e esperança, evidências de que o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi outorgado, Rm.5:3-5.

O segundo é a Vinda de Cristo em glória, quando os novos céus e a nova terra serão inaugurados, uma verdade que tem alimentado a expectativa da Igreja desde o início, porque neles habita a justiça, 2 Pe.3:13. O escritor aos Heb­reus expressou bem este anseio da Igreja: “Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade” Hb.11:16. E a Igreja responde: “Amém. Vem, Senhor Jesus”. Ap.22:20. Oh! Provai e vede como estes frutos são doces ao paladar espiritual.

“É Jesus meu alimento, o meu Pão celestial.
Do mais vero e santo gozo Ele é o meu manancial” HNC 160.

b)     Os dois símbolos de abundância e de festividade, V.4. Temos que enten­der o uso destas figuras simbólicas, a fim de descobrir a mensagem que elas comunicam.

I.            Em primeiro lugar, a Igreja reconhece a condescendência de Cristo, que sempre age de acordo com as normas do amor. “Leva-me à sala de banquete”. Mas a ênfase recai sobre o pronome: “Ele me leva, ou, Ele me conduz para dentro”. É Cristo quem toma a iniciativa para suprir as nossas muitas necessidades. Se dependesse de nós para agir em favor do nosso próprio bem espiritual, estaría­mos ainda nas trevas densas da perdição, pois, “não há quem busque a Deus” Rm.3:11. Não é o nosso amor, antes, é o amor de Cristo que nos constrange a buscar os valores espirituais. “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” Jo.15:16. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação (tipo de cobertor) pelos nossos pecados” 1 Jo.4:10.

“Um dia Cristo achou-me mui longe do meu lar,
Perdido no mundo, sem mais poder voltar!
Tomando-me em seus braços, firmou-me nos meus passos,
E agora andamos juntos, voltando para o lar” HNC 110

II.            A sala de banquete se refere ao recinto onde os reis realizavam as su­as festas suntuosas. Esta sala não era local público, aberto para qualquer pessoa, somente os convidados podiam adentrar. Por isso, o texto especifica: “Ele me conduz para dentro”. Sem esta condescendência da parte de Cristo, jamais pode­ríamos entrar. Mas, por que Cristo nos leva à sala de banquete? Ele quer nos mostrar as provisões que precisamos para viver uma vida abundante e vi­toriosa. Sobre esta mesa podemos encontrar toda sorte de bênção espiritual, “segundo a sua riqueza em glória” Fl.4:19; Ef.1:3. Desta mesa posta recebemos o alimento necessário para o nosso aperfeiçoamento e desempenho do serviço de obediência que devemos a Cristo. Quais são estes recursos que Ele indica para o nosso uso? Podemos mencionar, entre os muitos: 1) As Escrituras Sagradas, a própria revelação da vontade de Deus para a nossa vida diária. “Toda a Escri­tura é inspirada por Deus e é útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” 2Tm.3:16-17. 2) Pastores fiéis, aqueles que amam o povo redimido pelo sangue de Cristo e que sabem pastoreá-lo para a glória de Deus. “Obedecei aos vossos guias e sede submissos pa­ra com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros” Hb.13:17. 3) Reuniões públicas, nas quais ouvimos e recebemos a exposição das Escrituras Sagradas, bem como o mútuo encorajamento espiritual. Por isso, somos exortados: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; an­tes, façamos admoestações (aconselhamentos, encorajamentos e consolações) e tanto mais quanto vedes que o Dia (do Juízo Final, At.17:31) se aproxima”. Hb.10:25. 4) O devido recebimento dos Sacramentos, a saber, o Batismo e a Ceia do Senhor, pois estes foram instituídos por nosso Senhor a fim de reavivar o nosso compromisso diante da Aliança da Graça e a nossa fidelidade a Cristo Jesus, At.2:41; Lc.22:19-20. Visto que os Sacramentos têm sido usados para fins supersticiosos, convém lembrar que eles não têm vida própria, isto é, o simples recebimento deles não obrigatoriamente comunica o bem. O Apóstolo fez referência a este problema, mostrando que o povo de Israel experimentou formas dos dois Sacramentos, porém, para a maioria, não lhes conferiram nenhum proveito espiritual que valesse diante da justiça de Deus. “Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto” 1 Co.10:1-6. Cristo, e somente Cristo, é a fonte da nossa vida espiritual. Ele mes­mo disse: “Porque eu vivo, vós também vivereis” Jo.14:19.

III.            O estandarte. Em Israel, cada tribo tinha o seu próprio estandarte de identificação, “segundo as insígnias da casa de seus pais” Nm.2:2. Cristo, por causa da sua realeza como Filho de Deus e da importância da sua Pessoa, também tem o seu próprio estandarte que tremula sobre o seu povo. Cristo con­duz a sua Igreja à sala de banquetes com todas as honrarias, sob a proteção do estandarte dele. Observemos a singularidade desta cena e o que se ouve: “Eis aqui estou e os filhos que Deus me deu” Hb.2:13. O Profeta esclarece que estes filhos foram dados “para sinais e para maravilhas” Is.8:18. São troféus da eficácia da obra redentora de Jesus Cristo e evidências inconfundíveis da graça de Deus. A insígnia do estandarte que protege este povo é “amor”. Sim, Cristo ama a sua Igreja e quer que todos saibam desta verdade. O amor de Cristo é o ponto central na experiência da Igreja. “Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse” Ef.5:25-26. O grande an­seio do Ap. Paulo era “conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimen­to” Ef.3:19. Por causa deste amor, o Apóstolo foi “constrangido” a ter uma vida cada vez mais santa e consagrada à pregação do evangelho a ponto de exclamar: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho” 1 Co.9:16; 2 Co. 5:14. Cristo resumiu a sua vontade para a Igreja, dizendo: “Novo manda­mento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” Jo.13:34. E, acrescentou: “Se me amais, guarda­reis os meus mandamentos” Jo.14:15.

c)       A oração da Igreja, V.5. Devemos nos lembrar do contexto desta oração. A Igreja fora conduzida à sala de banquetes, onde contemplou toda sorte de recursos espirituais para o seu crescimento na compreensão do amor insondável de Jesus Cristo. Ele a tomou pela mão e, com seu estandarte de amor vibrando sobre ela, anunciou o seu amor para com a Igreja. O efeito desta condescen­dência foi tão arrebatador, que a Igreja exclamou: “Desfaleço de amor”. A Igreja se sentiu incapaz de suster mais manifestações deste amor, por isso, a oração: “Sustentai-me com passas, con­fortai-me com maçãs”. Estas frutas são os alimentos, ou seja, a palavra falada que Cristo administra para fortalecer o seu povo quando este se sente en­fraquecido com o poder transcendente destas comunicações espirituais. O Pro­feta Daniel teve uma experiência semelhante quando viu uma teofania de Cristo em toda a sua glória esplendorosa. Ao contemplar esta grande visão, ele perdeu as suas forças e caiu sem sentidos, rosto em terra. Então, Cristo o fortaleceu e disse: “Não temas, homem muito amado! Paz seja contigo! Sê for­te, sê forte. Ao falar Ele comigo, fiquei fortalecido e disse: fala, meu Se­nhor, pois me fortaleceste” Dn.10:1-21. A vontade de Deus é que esta comunhão espiritual com Cristo possa encher o nosso coração “com alegria indizível e cheia de glória” 1 Pe.1:6-9. O êxtase e o regozijo são experiências essenciais para a alma do crente, porque elas promovem a santificação. Deus não nos criou para viver uma vida árida e sem nenhuma alegria espiritual; e o crente que passa um tempo prolongado sem a experiência de uma visitação que aquece o coração, será tentado a contemplar o mundo em vez de buscar as alegrias que vêm mediante a obra do Espírito Santo. A alma do homem é constituída de tal forma que anela uma realização espiritual que vem de uma influência externa, e, quando este anseio é negligenciado ou desprezado, buscará satisfação através de experiências que agradam os apetites carnais. Satanás soube trair a ingenuidade de Eva quando a ensinou a contemplar a árvore proibida como algo “agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento” Gn.3:6. O crente estará em perigo espiritual se ele permitir que os dias passem sem ex­perimentar um senso íntimo do amor de Cristo e das suas consolações. Quando Cristo deixa de encher o coração com regozijo transbordante, a alma começará uma busca silenciosa por outros amantes. Para vencer as pressões espiri­tuais que labutam contra nós, temos que assumir a mesma determinação do Salmista: “Então, irei ao altar de Deus, do Deus que é a minha grande alegria” Sl.43:4.

d)     Como Cristo respondeu a oração, Vs.6-7. Os verbos no Presente Simples dão um sentido melhor, porque a Igreja está descrevendo como Cristo respondeu a sua oração. “A sua mão esquerda está debaixo da minha cabeça e a direita me abraça”. Em vez de cair desmaiada, por causa das comunicações que recebeu de Cristo, a Igreja foi sustentada pelos braços fortes de seu Amado. A Bíblia re­gistra vários exemplos deste tipo de cuidado que Cristo tem para com a sua Igreja. “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum porque tu estás comigo” Sl.23:4. A sua presença comunica o necessário sustento. Por isso, Cristo prometeu: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” Mt.28:20. E quem é que pode sondar a preocupação pesarosa de Cristo quando contemplou o estado degenerado da cidade de Deus, e exclamou: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram envi­ados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!” Mt.23:37; Sl.87:1-7. Quando recebemos Cristo como o nosso Salvador, Ele nos segura em sua mão e, deste lugar de segurança, ninguém pode nos arrebatar, Jo.10:28. O convite de Cristo continua em pleno vigor: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” Mt.11:28. O amor de Cristo é algo sensível e sustentador; é poderoso para fortalecer o coração que se sente debilita­do por causa das comunicações da condescendência de Cristo.

Agora, em plena comunhão espiritual com Cristo, a Igreja se dirige às “fi­lhas de Jerusalém”, aqueles membros descomprometidos, que nem sempre respeitam a espiritualidade de outros. Comunhão com Cristo pode ser facilmente interrom­pida: uma visita de amigos que querem repartir conosco as últimas novidades; um telefonema de uma firma, assediando-nos com seus produtos vantajosos; e as­sim por diante. O zelo excessivo de Marta, por causa de suas prioridades in­vertidas, quase interrompeu a comunhão espiritual que Maria, a sua irmã, estava experimentando assentada aos pés de Jesus, Lc.10:38-42. O escritor destas meditações está lembrando de uma experiência quando estava se preparando para o ministério. O Colégio dedicava, periodicamente, um dia inteiro para orar. Em algumas ocasiões, a comunhão espiritual era quase palpável, e nos sentíamos elevados à “Sala de banquetes”, onde “nos fazia assentar nos lugares celesti­ais em Cristo Jesus” Ef.2:6. Mas, em plena união celestial, o sino tocava, anunciando a hora do almoço. Quase no mesmo instante, deixávamos os lugares celestiais, descíamos para a terra e perdíamos aquele contato especial. Depois do almoço, voltávamos à oração, porém, aquela intimidade não voltava. Assim, a Igreja, não querendo perder a sua comunhão especial com Cristo, pediu que as filhas de Jerusalém praticassem a devida reverência e silêncio. Quem sabe, esta foi uma das razões que levou Jesus a ensinar: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” Mt.6:6. O próprio Cristo, sentin­do a necessidade de silêncio, “subiu ao monte, a fim de orar sozinho” Mt.14:23.

Observemos as duas frases que se seguem, o nome que Cristo recebe. Ele é “meu Amado”. É bom reconfessar a nossa convicção: “Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo” Jo.21:17. A segunda frase aborda um assunto não muito reconhecido. “Nem desperteis o (meu) Amor, até que este (Ele) o queira”. Estes momentos de comunhão especial não são experiências constantes à nossa escolha. Cristo é totalmente soberano em suas visitações especiais à sua Igreja; é Ele que toma a mão dela e a leva à sala de banquetes. Talvez esta soberania esteja expressa, em parte, no Quarto Mandamento: “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o Sábado do Senhor, teu Deus” Ex.20:9-10. Enquanto trabalhamos, executando as nossas responsabilidades seculares, é muito improvável ter uma comunhão intensa, por isso, Deus nos deu um dia inteiro em cada sete; e, livre das preocupações diárias, podemos experimentar um culto mais concentrado. É no Dia do Senhor que podemos esperar um encontro mais ache­gado com o nosso Amado Salvador. Chegando ao fim dos seis dias de labuta, revelamos a nossa verdadeira espiritualidade, testemunhando: “A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo:” Sl.84:2.

e)     A boa vontade de Cristo para com a sua Igreja, Vs.8-9. Temos observado que Cristo é soberano em suas visitações especiais. Às vezes, são bem intensas, outras, nem tanto. Quando falamos desta maneira, não estamos dizendo que Ele se retira de nós, deixando-nos sem amparo; antes, estamos nos referindo ao que sentimos em nosso coração.        Às vezes, sentimos a sua presença como algo in­cendiando as profundezas da nossa alma; mas, em outros momentos, a sua presença se manifesta mediante uma paz, como “um cicio tranqüilo e suave” 1 Rs.19:12. Contudo, em todos os instantes, a sua promessa (independente do que sentimos) permanece inalterada para encorajar e consolar o seu povo. “Eis que estou con­vosco todos os dias até a consumação do século” Mt.28:20. Moisés (e nós também) recebeu esta promessa da parte do Senhor para fortalecê-lo em todas as suas dificuldades como líder do povo de Israel: “A minha presença irá contigo, eu te darei descanso” Ex.33:14. “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo” Sl.23:4. Como podemos explicar estes altos e baixos que sentimos em nossa vida? Se entristecermos o Espírito Santo, Ele pode retirar de nós o seu ministério consolador. Se desviarmos os nossos olhos de Cristo, a fim de ocupar-nos com outras priorida­des, Ele pode retirar de nós a sensação da sua presença, a fim de deixar-nos experimentar as conseqüências desorientadoras deste outro interesse. Jesus deixou Pedro submergir um pouco na água quando ele retirou seus olhos dele, a fim de contemplar “a força do vento” Mt.14:22-33. Mas, seja qual for o caso, Ele é soberano em todas as suas ações e sabe o que é melhor para o nosso bem espiritual. Os três discípulos que testemunharam a transfiguração de Cristo queriam prolongar a sensação desta experiência, porém, foi-lhes repentinamente retirada, porque era-lhes necessário voltar para seu ministério no meio das multidões que os aguardavam, Lc.9:28-38.

Os vs. 8 e 9 descrevem estas mudanças que sentimos em nossa experiência cris­tã. Antes, a Igreja estava nos braços de Cristo, no gozo de uma experiência especial, agora, ela o vê de longe; antes, ela estava se esforçando para não deixar ninguém interromper a sua comunhão, agora, ela sente que o encanto da­queles momentos já passou. Mas, sentindo um vazio no coração, ela começou a clamar, pedindo o retorno do Amado de seu coração, e, aguardando a sua resposta, logo ouviu a sua voz. Cristo tem esta confiança: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” Jo.10:27. Mas, desta vez, Ele não se apresentou como antes, contudo, foi o suficiente para encorajá-la e alegrar seu coração. Veja como o texto descreve este reencontro.

I)                    Primeiro, observamos o título conferido a Cristo. A Igreja não se cansa de se referir a Cristo como “o meu Amado”. Ele é sempre o “Amado de minha alma”. O Salmista perguntou, retoricamente: “Quem mais tenho eu no céu (de quem posso buscar auxílio?)” E logo respondeu: “Não há outro em quem eu me comprazo na terra” Sl.73:25. O Senhor Jesus satisfaz, plenamente, todos os nossos an­seios espirituais. Com os nossos olhos levantados para o céu, confessamos ao Senhor: “Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo, senão a ti somente” Sl.16:2

II)                  A prontidão de Cristo. “Ei-lo aí galgando os montes, pulando sobre os outeiros”. Houve uma diminuição na intensidade da comunhão espiritual, porém, não um distanciamento de seu interesse. A Bíblia testifica da prontidão de Cristo para ouvir e para se aproximar de sua Igreja, dizendo: “E será que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei” Is.65:24 E, num contexto semelhante, Cristo, querendo consolar os seus discípulos entristecidos e perplexos por causa da sua partida, disse-lhes: “Voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” Jo.14:3. É importante, para o nosso encorajamento, guardar em nossa memória esta verda­de: “O Senhor se agrada do seu povo” Sl.149:4. Por isso, somos incentivados: “Acheguemo-nos, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” Hb.4:16.

Às vezes, o Senhor é detido, e não pode responder imediatamente a nossa oração, porque Ele tem que vencer “montes e outeiros”, dificuldades espirituais que são invisíveis aos nossos olhos. A Bíblia tem personificado estes montes, dizendo: “Quem és tu, ó grande monte? Diante de Zorobabel serás uma campina” Zc.4:7. Em muitos casos, a natureza perversa e obstinada do pecador tem que ser primeiro subjugada, só então Deus responderá a nossa oração. O Profeta Da­niel orava, contudo, não recebeu uma resposta imediata por causa de lutas es­pirituais, por isso, o anjo Gabriel foi enviado e justificou a sua demora, ex­plicando: “Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim. Mas o príncipe do rei­no da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros ministros, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia” Dn.10:12-13. Quando Cristo deu a sua vida em favor da sua Igreja, Ele obteve uma vitória esmagadora sobre todos os poderes das trevas. “E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” Cl.2:15. A Igreja continua implorando: “Vem, Senhor Jesus”. E Ele responde, dizendo: “Certamente venho sem demora”. Com esta promessa, a Igreja logo acrescenta: “Amém”. Que seja assim, Ap.22:20.

III)                 As perfeições de Cristo. “O meu Amado é semelhante ao gamo ou ao filho da gazela”. Talvez esta frase foi inserida como um tipo de parêntese, porque a Igreja não cansa de testificar das perfeições de seu Amado. Os dois animais do texto são usados para exemplificar as virtudes de Cristo, tais como: a sua ligeireza para atender às necessidades de seu povo. “E eram eles ligeiros como gazelas sobre os montes” 1 Cr.12:8. Cristo é amoroso e gracioso. “Pois sabia que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, grande em benig­nidade” Jn.4:2. “Alegra-te com a mulher da tua mocidade, corça de amores e ga­zela graciosa” Pv.5:18-19. Ele é sábio. “Livra-te, como a gazela da mão do caçador” Pv.6:5. Quando Cristo ensinava, os ouvintes se maravilhavam, dizendo: “Donde vem a este estas coisas? Que sabedoria é está que lhe foi dada?” Mc.6:2 Cristo tem cada um destes valores e muito mais. Por isso, a Igreja tem prazer em meditar sobre as suas sublimidades. O Ap. Paulo, comentando sobre a sua consagração, explicou: “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da su­blimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor” Fl.3:8.

IV)              Como Cristo se manifestou à sua Igreja. “Eis que está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, espreitando pelas grades”. No V.6, vimos Cristo segurando a sua Igreja com ambas as mãos, desfrutando da mais doce e especial comunhão. Mas, por alguma razão, a sensação desta intimidade foi interrompida. Porém, quando a Igreja orou, Cristo logo respondeu; mas, não para retomar aquela comunhão especial como antes. Desta vez, Cristo se manifesta detrás de uma parede. Ele nos vê claramente, olhando pelas janelas, ou, espreitando pela grade. Estas barreiras podem ser vistas como as limitações da nossa natureza que ficou prejudicada por causa do pecado que herdamos. O Ap. Paulo, comentando sobre estes impedimentos, explicou: “porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido” 1 Co.13:12. Notemos os contrastes que Ele apre­senta para o nosso encorajamento espiritual: agora, obscuramente, então, veremos face a face. Agora, em parte, então, em sua totalidade. Agora, sempre lutamos, por causa das limitações da nossa carne; todavia, aguardamos “até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em nosso coração” 2 Pe.1:19.

Qual é o ensino prático neste simbolismo? Embora tenhamos momentos preci­osos de comunhão especial, não é a experiência de todos os dias. Somente no céu é que teremos uma comunhão singular e ininterrupta. Em nosso presente estado, temos que nos contentar com uma comunhão indireta com o nosso Salvador, “por detrás da nossa parede”. Nesta circunstância, não convém depender do que sen­timos, “visto que andamos por fé e não pelo que vemos (ou sentimos)” 2 Co.5:7. Temos que desenvolver a nossa comunhão com Cristo de uma forma indireta, medi­ante a leitura diária das Escrituras Sagradas. Esta forma de comunhão espiritual nos faz exultar com alegria indizível e cheia de glória. Podemos sentir esta realidade com a exclamação do Salmista: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” Sl.119:97. Cada cristão deve assumir o compromisso de ler uma porção da Palavra de Deus, todos os dias, pois sua comunhão com Cristo depende deste hábito precioso. Aquele que lê a Bíblia apenas esporadicamente, de necessidade, tem uma comunhão deficiente e perigosa com Cristo. Ele avisou: “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” Mt.24:13.

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